Da aldeia de há oitenta anos onde nasceu o tio João,
Estevês, não conheço qualquer imagem assim tão antiga, e as que tenho mais à
mão são certamente as mais recentes que existem, pois foram recolhidas
justamente ontem, dia 23 de Maio. Agora há muitas casas brancas, mas
antigamente eram todas escuras, da cor do xisto com que eram construídas. Nas
ruas não havia asfalto, o “betume” era mato (esteva, carqueja, tojo,
rosmaninho), para ser pisado pelas pessoas e pelos animais, transformando-se em
estrume, que era o principal nutriente (adubo) utilizado nas hortas, para fazer
crescer a hortaliça, o milho e os cereais. Afinal as verduras e frutas que
comíamos eram todas de produção biológica, bem mais natural do que a praticada
atualmente. Tudo isto faz parte das minhas recordações de infância. Hoje tudo
está diferente. Nas ruas há asfalto, a iluminação é elétrica em vez de à base
de petróleo ou até de azeite, as casas são construídas em tijolo e betão, mas
as mais lindas são as que se recuperam a partir do xisto.
Para esta rua abria a casa onde nasceu o tio João, e
a casa vem na foto que se segue
hoje propriedade do meu irmão José, encontrando-se
em obras de recuperação. À frente se pode ver o “balcão” onde os tios jogavam
muitas vezes as cartas (sueca ou bisca).
Nesta foto vê-se melhor a fachada, sendo a porta
esquerda a de entrada para a casa de minha mãe.
Vista de longe, a aldeia aparece meio escondida
pelas árvores, sobretudo oliveiras, sendo as casas mais distantes, meio
escondidas pelo monte, de outra aldeia, o Vale de Videiros.
A casa onde nasceu o tio João situa-se no centro da
aldeia e, nesta foto, colhida do mesmo local da anterior, aparece escondida
pela da minha mãe, vendo-se um pouco do telhado novo, e parte da chaminé, a que
tem “chapéu”.
A localização na aldeia corresponde às duas chaminés
à direita do poste elétrico.
E da aldeia pobre e sem infraestruturas hoje pouco
resta. Tem asfalto, eletricidade, água canalizada e saneamento básico e
abastecimento de quase todos os bens essenciais e não os havendo, facilmente a
população de desloca a outras localidades para o que fizer falta. Hoje vive-se
com melhor qualidade de vida em muitas regiões do interior do que nas grandes
cidades.
Espero que os que me lerem ganhem apetência para
visitar o “Portugal desconhecido”. Vos receberemos de braços abertos.
Abraços
MCardoso
***Agradecemos a colaboração de Manuel Cardoso que através dos seus posts tem nos aproximado das terras além mar!Sinceros agradecimentos!***
AH... que vontade de conhecer este lugar pessoalmente...Obrigada pelas fotos, primo Manuel!
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